Uma história a dois

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Nasci a sul do Tejo, embalada pela luz de Lisboa em fundo. A minha infância também tem histórias de terra e de agricultura, de estranhas árvores de fruto metade pereiras e macieiras e outras tais, de vinhas, flores e pinhais. Também há uma adega nesta história, do meu avô que também era jardineiro, mas que tinha uma pequena vinha de onde fazia um tinto em lagar. Depois houve muitos lugares, quase todos ao sul, entre pequenas vilas e cidades até me fazer mulher em Lisboa, onde dei aulas de dança e fui socióloga. Foi a dança que me fez encontrar o António, na altura editor numa revista de artes mas sem nunca esquecer o sonho de se tornar produtor de vinho e de criar arte vínica a partir das vinhas plantadas pelo seu pai. E assim rumei ao norte e vim criar por amor a CASA de MOURAZ.

Sara Dionísio

Nasci em Dezembro de 1970, numa casa de granito construída pelo meu pai, António Ribeiro, num terreno herdado pela minha mãe, Maria Fernanda, outrora pertença do meu avô que por sua vez o tinha recebido do meu bisavô. A pedra utilizada na sua construção foi, ela própria, arrancada nesse terreno. Segundo conta o meu pai, hoje com mais de 90 anos, a casa e os armazéns demoraram dois anos a construir. De uma terra inóspita e praticamente inculta nasceu uma bela construção e vários terraços perfeitamente aráveis, onde viria a nascer a vinha do Outeiro.

Nasci sobre uma adega, com cubas de betão, lagar e tonéis. Em Dezembro os vinhos ainda se ajeitavam no interior do vasilhame e os seus aromas atravessavam o tabuado que separava a adega do meu quarto. Sou o quarto filho, irmão de Adriano, Hélder e Jorge. Recordo uma infância passada entre livros, brincadeiras e sestas em pleno campo, debaixo de videiras, oliveiras e pinheiros, olhando as nuvens no céu e nelas inventando milhentas histórias.

António Ribeiro